Feira do Livro da Beira (FLIB 2024) discute relação entre Literatura, Direito e Religião e a importância da memória

Em continuação às actividades da 4ª edição da Feira do Livro da Beira (FLIB-2024), ontem, no Centro Cultural Português na Beira houve dois painéis de debates subordinados aos temas “Relação entre Literatura, Direito e Religião” e “Inventário da Memória”, orientados por José dos Remédios, jornalista e ensaísta, e pelos docentes universitários Martins Mapera, Fernando Chicumule, Nelson Moda, Cremilde de Andrade e Nídia Chamussora. As duas conversas foram moderadas pelas também docentes universitárias Carla Karagianis e Cidália Alberto.

Sobre o primeiro painel – “Relação entre Literatura, Direito e Religião” –, os oradores afirmaram que tanto o Direito quanto a religião abordam temas sobre valores e princípios que a sociedade deve seguir para o seu bem-estar em diferentes áreas. Entretanto, nem sempre essa relação é saudável, uma vez que, segundo os intervenientes, o que o Direito, às vezes defende, não encontra concordância com a religião, havendo, por essa razão, discordância entre os dois ramos.

Falou-se da literatura como sendo o campo mais aberto e aglutinador, dado que nela são vistos o Direito e a religião de uma determinada sociedade, através dos textos que abordam os diferentes comportamentos.

Em relação à segunda mesa – “Inventário da Memória” –, que também é o título do livro composto por um conjunto de artigos organizados pelo ensaísta e jornalista José dos Remédios, em comemoração aos 60 anos da obra “Nós Matamos Cão-Tinhoso”, os painelistas sublinharam que não se deve observar a memória como um instrumento usado somente para buscar o passado. Pelo contrário, segundo os oradores, a memória servirá como um instrumento para observar o modo pelo qual a sociedade caminha, evitando, assim, repetir os erros do passado.

A este propósito, “Nós Matamos Cão Tinhoso”, de acordo com os painelistas, denuncia as diversas faces do comportamento colonial em Moçambique, de forma particular, e em África, em geral. Assim, entendem que, com este livro, é possível ter a imagem da dominação colonial.

Por fim, mais do que celebrar a obra, deve-se ter atenção se os actos de guerra vividos em mutos países não são repetições do que Honwana descreve no livro.

Hoje, sexta-feira, terá lugar, às 18 horas, a última actividade da FLIB-2024. Trata-se de um Sarau Cultural à volta de “Nós Matamos Cão-Tinhoso”, que acontecerá na Casa do Artista e estará a cargo da conceituada actriz Ana Magaia e seus convidados.

Nesta manhã, José dos Remédios conversou com os estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Licungo sobre a engenharia sintética do texto.

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